quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pranchas Made in Taíba





A fábrica de pranchas de surf LABORAS SURF DESIGN mudou de endereço para a paradisíaca praia da Taíba e já inicia o ano com execelente produção e muita inspiração após o primeiro swell monstruoso no último dia primeiro. O shaper Cearense e proprietário da marca, Gabriel Véras afirma que essa mudança de endereço foi planejada a alguns anos e hoje está sendo concretizada mais uma etapa dos seus planos.


Como tudo começou?
G.V. Mais ou menos em 1997 descobri que não poderia competir depois de adquirir uma tendinite crônica nos tendões de aquilis e como eu queria estar envolvido de alguma forma com o surf segui para o mundo da fabricação de pranchas, comecei laminando o shape de uma prancha usada que um amigo (Danilo) havia shapeado sem muito conhecimento técnico. No ano seguinte eu e um grande amigo chamado Ulisses Bezerra (Laborão) decidimos montar uma pequena fábrica de pranchas em casa. Um acidente de carro impossibilitou que Ulisses continuasse. Ulisses seria o shaper e eu o laminador, a partir desse imprevisto decidi continuar com o nosso sonho, só que agora shapeando. Fui atrás de vários shapers, inclusive Cearenses para fazer um curso e conseguir mais conhecimento. O único que abriu as portas da sua sala de shaper foi o amigo e parceiro Evair Marcos (Magrão) o qual sou muito grato até hoje. Depois fiz um curso a distância com um shaper carioca, onde pude dar mais um passo e adquirir mais conhecimentos. Desde então, não parei mais de pesquisar e trocar conhecimento com outros shapers brasileiros. O conceito de artesão de pranchas é muito mais complexo do que imaginamos e exige muito estudo e concentração em todas as fazes do shape.

Por que você transferiu a fábrica para a Taíba?
G.V. Por inúmeros motivos, entre eles, a qualidade de vida que a praia da Taíba ainda proporciona. Outro fator importante é a energia que o local transmite inspirando ainda mais no planejamento e execução de cada prancha, a qualidade das ondas e a constante entrada de ondulações durante todo o ano em especial de Novembro a Abril também tiveram fortes influências na minha vinda para cá. E além do mais que, quem não goste da Taíba atire a primeira pedra.

Você está ensinando jovens a fabricar pranchas? Como funciona o projeto?
G.V. Sim. O projeto primeiro passo é um dos projetos realizados pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará – STDS/CE. O Sr Marco Antônio Lima - Tibaia - Presidente da Associação dos Pescadores da Praia da Taíba - ASPETA fechou convênio com o projeto Primeiro Passo e me convidou para ministrar as aulas na sede da Associação na Pesqueira/Taíba, local onde já funciona uma pequena oficina para reparos e fabricação de pranchas. As turmas são compostas por 20 treinandos todos na faixa etária de 16 a 24 anos, a carga horária é de 100 horas/aula com direito a apostila, aulas teóricas e práticas, certificado, lanche e uma bolsa para ajuda de custo. O curso foca principalmente a profissionalização desses jovens que sonham, como eu sonhei em um dia viver do surf e conseguirem um espaço no mercado de trabalho.



Qual foi a receptividade do projeto?
G.V Já na fase das inscrições percebi que a energia dos jovens era muito positiva, foram mais de 100 jovens inscritos. Pedi que todos fizessem uma redação justificando por que escolheram esse curso específico na fabricação de pranchas. A maioria respondeu que o surf ou poder viver do surf seria a realização dos seus sonhos, diziam que o surf era tudo nas suas vidas...e a partir daí a cada redação lida ficava mais difícil de selecioná-los tendo em vista que só poderiam entrar vinte inscritos.

Você é responsável por todos os processos de fabricação?
G.V Não. Eu considero todas as etapas importantes para o fabricante chegar a uma prancha que tenha excelente desempenho. Eu faço o shape (modelagem) e o “Tim” a laminação, ainda trabalha conosco o Paulinho responsável pela lixa seca e outros. Mão-de-obra especializada e matéria prima de qualidade na minha concepção completam os quesitos básicos para uma prancha obter bons resultados. Cada processo de fabricação, como: o shape, a laminação, a pintura, a lixa seca e o acabamento são feitos por especialistas com muito critério.

Você se espelha em algum shaper?
G.V. Sim. Na verdade em vários, tais como, Ricardo Martins, Simon e Xanadu, todos possuem uma linha de design diferente com características próprias e objetivos em comum.

Qual a sua visão em relação aos atletas brasileiros?
G.V. O nível está muito alto, temos vários tops principalmente aqui no nosso estado (Ce), gosto de citar nomes por que eles realmente merecem ter chegado a onde estão, entre eles podemos citar: Pablo Paulino, Heitor Alves, Silvana Lima, Messias Félix, Tiago de Souza, Fábio Silva, Tita Tavares, Michel Rock, Edvan Silva, Charlie Brow, André Silva, Dunga Neto, Adilton Mariano, Adriano Santos, Estefany Freitas, Naiara Silva e outros inúmeros atletas potenciais que chegaram lá com muita dificuldade e ainda precisam de um apoio mais focado na profissionalização, como, preparação física e psicológica, acompanhamento nutricional e administrativo, no mínimo para que se evite ao máximo algo que possa a vim desconcentrá-lo.

Qual foi a evolução em relação a matéria prima das pranchas de surf?
G.V Hoje temos várias qualidades de resinas, blocos, tecidos, quilhas, tecnologias com a resina epóxi como a Keahana onde comecei a trabalhar a alguns anos e me surpreendeu pela excelente performance e durabilidade que a prancha proporciona ao surfista. Apesar do seu preço ser um pouco mais elevado, o valor agregado que a prancha oferece compensa e muito.


As quilhas fazem a diferença? Quais as vantagens das quilhas de encaixe?
G.V. Com certeza, fazem toda a diferença complementando o desempenho da prancha. Cada design de quilha possui sua funcionalidade, algumas chegam até mesmo ao valor de uma prancha, ai muitos clientes me perguntam: aquela quilha vale esse preço? Eu respondo: vale sim, dentro d'água a diferença é notória. As quilhas de encaixe oferecem ao surfista a flexibilidade de poder experimentar vários tipos de quilhas e escolher a que mais lhe agrade, além disso, dependendo do tipo de onda a ser surfada elas ajudam muito no controle e projeção da prancha. Fora tudo isso, permitem também que você transporte o seu quiver com mais conforto, diminuindo o excesso de espaço que as quilhas fixas geram em uma prancha sobre a outra.


Agora com a mudança para a Taíba como estão acontecendo as encomendas das pranchas?
G.V. Clientes e amigos me disseram que está sendo uma excelente oportunidade para aproveitar e descansar um final de semana longe da cidade e das obrigações, ainda motivados pela encomenda de uma prancha novinha e totalmente personalizada. Ainda tenho recebido várias encomendas por email (surflaboras@gmail.com).


Mande uma mensagem aqueles que pensam em ingressar na carreira.
G.V. Eu aprendi que tudo na vida depende primeiramente dos nossos desejos, ou seja, aquilo que nós almejamos um dia com certeza será concretizado, mas é sempre bom lembrar que as quedas e as dificuldades irão aparecer para nos fortalecer e servir de prova para sabermos se é realmente isso ou aquilo que queremos em nossas vidas. A humildade e a preocupação com o nosso próximo são aspectos que eu considero primordiais na vida de qualquer ser humano. Além de tudo isso a Fé em Deus é o mais importante na minha vida ela me fortalece e renova as minhas esperanças de um mundo melhor para continuarmos caminhando.

4 comentários:

  1. Tô encantada, parabéns pelo seu projeto, você sempre foi capaz, Deus esteja sempre te iluminando!!
    divaniadias@hotmail.com

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  2. Hehe Grabriel aqui e o Carlos seu EX.Aluno vejo que seu trabalho ja vem de muitos anos e fico muito honrrado por ter sido treinado por você, Velho obrigadão por tudo e por toda a paciencia que você teve com nossa turma.
    Boa Sorte nos seus projetos...

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  3. Qual o preço de uma evolution,para 1,70m e 81kg?

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